terça-feira, 2 de agosto de 2011

Recesso criativo

Salve, adoráveis leitores. Vosso Humilde Blogueiro vem cá dizer que está de saco cheio de redigir postagens para postar num blog às moscas tal qual esse; pudera, ainda mais em um período onde minha criatividade anda mais infértil e minha capacidade de redação, irregular, desnivelada se mostrou inepta até para escrever um esboço superficial sobre a relação rudimentar do livre-arbítrio humano com a física quântica e (uns breves comentários en passant acerca do determinismo).

Vou refletir um pouco mais, não dar maior relevância a algo de pouca significação como este blog, e decidir se ele continua vivo ou não. Sei que será indiferente à humanidade, para meus adoráveis leitores e talvez para a altivez do ego de Vosso Humilde Blogueiro.

sábado, 16 de julho de 2011

Propósitos

A imagem mais impactante que apareceu quando eu joguei
"propósito" no Google images
Uma palavra que se é de fácil pronunciação, mas de difícil realização. 

Sim, não é fácil encontrarmos propósitos em meio às nossas vida, uma razão que nos reja e que torne cada ato único e verdadeiramente especial. Por várias e várias vezes, caímos inconscientemente no ciclo existencial da mesmice e perdemos a função regente, se é que há. Talvez a questão central humana seja o viver ou não viver por viver assim tão simplísticamente.

A vida talvez seja apenas um palco para trabalharmos de maneira indireta nossas razões e princípios para existir, e ir e ir contra a leviandade existencial de "viver simplesmente por viver". Acredito que em tudo reside um propósito, mas que devemos sempre buscá-lo, e não deixá-lo sempre implícito, subjacente, na sombra de todos os nossos atos e ações. 

Será o sentido da vida um abismo insondável?

Vosso Humilde Blogueiro

segunda-feira, 13 de junho de 2011

♥ Em homenagem à um dos piores dias do calendário humano...

...o inglório e tão superestimado ♥ Dia dos Namorados  
Ei-lo, límpido, nostálgico, perpétuo, felizmente passado e fodidamente tosco dia dedicado aos lampejos sentimentais e instintivos dos seres humanos cuja efemeridade é hipocritamente velada. Com toda minha cínica sinceridade, meu(s) querido(s) leitor(es), Vosso Humilde Blogueiro passara este dia prenunciadamente medíocre como vocês inteligentemente devem supor: no anonimato e na confortável profundeza do silêncio. O que me difere de muitos deste dia é que eu, não-extraordinariamente, não em acorrentei aos devaneios inerentes ao simbolismo deste dia. Ademais, minha breve abstinência emocional, concentrada nos confins do "Dia dos Namorados", não permitiu-me ter fodásticas eclosões de fértil criatividade, críticas pungentes e ácidas, comentários avacalhadores e simultaneamente cultos, e, acima de tudo, uma maneira racional e pouco revoltada de questionar as razões que motivam uns infelizes de sequer pronunciar o nome deste dia -- que ao meu ver não se difere dos outros, exceto por questões comerciais.

A utopia de um otaku.
Um dia como qualquer outro, um pretexto para casaizinhos se portarem como os babacões que realmente são; um dia cujo propósito abstrato foi escancaradamente comercializado e sua noção superficialmente estampada em cartõezinhos proclamando um "Eu te amo" generalizado. 

Acho que, à parte meu bloqueio criativo, uma das razões que me inibiram de postar algo sobre este dia, no DIA de fato, foi meu desdém para com ele. Não importa o quão escroto eu venha ser, cegos são aqueles que têm alguma consideração por esta ocasião. Uma ocasião que indubitavelmente, regada de hipocrisia, mascara nossos instintos animalescos com termos corporativos como "amor" e outras justificativas pseudocientíficas e sem embasamento filosófico que tentam sustentar o insustentável: o afeto puro e verdadeiro entre dois indivíduos, sem ações e influências sociais, sem questões burguês-capitalistas e tampouco que não sejam meramente instintivas e efêmeras.

Seguindo à rigor os critérios acima, fica claro para qualquer um que o amor não existe e namoradinhas só existem para os namoradinhos comerem-as na casa dos pais quando os mesmos estiverem fora. Há quem diga que o sentimento que muitos nomeiam "amor", e sobredouram-no com uma série inumerável de características celestiais, puras e oníricas, todas elas, é claro, "inefáveis", deixando de lado o fator carnal, dura apenas cerca de 18 meses (tempo suficiente para a reprodução e consequente garantia da perpetuação da espécie. Isto é, nossos sentimentos são todos eles reflexos de nossos instintos e, para Freud e muitos outros, a renúncia dos mesmos acarreta o fluxo de conhecimento de um ou mais indivíduos. Em síntese, nossa mundana noção de amor nada mais é do que uma forma de velar nossa suscetibilidade com relação aos instintos e a prosopopéia de nossa ignorância.

Vosso Humilde Blogueiro

segunda-feira, 30 de maio de 2011

40 anos de "A Clockwork Orange"/"Laranja Mecânica"

Saudações, droogs. Pessoalmente recordei de um filme que marcou minha vida como cinéfilo, inspirado num livro que, particularmente, também me marcou pra caramba. A Clockwork Orange (USA) ou apenas Laranja Mecânica (BR), de 1971, é o tipo de filme que qualquer jovem intelectual revoltado com alguns aspectos de uma vida mundana que beira a mediocridade curte. A história (btw, parei de usar o termo "estória" desde que Millôr desqualificou-o) é inspirada no livro homônimo de Anthony Burgess, que, diga-se de passagem, já escreveu  livros melhores; mas o filme, autoria de Stanley Kubrick, talvez o maior cineasta de todos os tempos e atuação impecável do protagonista e fodão Malcolm McDowell. O filme é uma obra-de-arte, sem avacalhação nesse vocábulo. 

Enfim, a história se passa em uma Inglaterra distópica, em um futuro que aparenta não ser tão distante, onde a cultura adolescente se deteriorou de tal maneira que os valores desapareceram e a concepção de moral passou a ser artefato exclusivo das "bichas velhas". Nessa realidade fictícia, onde gírias nadsats de ciganos e húngaras são naturais, há um foco sob uma gangue de adolescentes (ou, como chamam na obra, DROOGS) que trata a ultraviolência como algo perfeitamente conveniente e mui horroshow, com isso saem distribuindo porrada em outros caras, velhos e estuprando garotinhas. Não, o público-alvo do filme não são delinquentes psicopatas nem tampouco sádicos: mas sim gente que curte um filme teatral e artístico com umas trilhas sonoras supimpas de Ludwig van Beethoven.


Pra não ficarem me escrotiando nos comentários, acho melhor assistirem o filme antes. Vale a pena, a menos que você seja um babaca hipócrita e pseudo-moralista.


Vosso Humilde Blogueiro

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Insanidade de uma mente lúcida

Acordei certa manhã com ideias permeando meus titubeantes pensamentos; como consequência, o fio condutor deste e de muitos outros raciocínios matinais me intrigou de modo que pude fazer algo até então inédito: encon-trar a "meada do fio" (err...) destes pensamentos que eventualmente insurgem simultaneamente à eclosão do alvorecer. São pensamentos meio escrotinhos, mas essencialmente ricos, eis que advém do momento onde nossa criatividade, sob circunstâncias oníricas, desvencilha-se das correntes do moralismo, das aparências éticas, das delimitações ideológicas e de nosso senso comum de estruturar idealmente as coisas -- não há nada mais verdadeiramente puro que isto; uma atitude de lucidez, no momento que, nossa psique, em um excitante affair blasé com a insanidade (ou os ímpetos emocionais que residem em todos nós), edifica ideias fodásticas, magníficas e deslumbrantes... As quais, depois de termos recobrado a consciência, desvanecem-se após não muito tempo e submergem no injusto esquecimento, sepultando-se em nosso subconsciente.

Id, Ego e Superego.
Ah, vá.

Como Sigmund Freud diria, e muitos profissionais da área da psicanálise, vendo este objeto de estudo como algo simplístico e de fácil observação, trabalhariam-no de modo que seria definido como a morte momentânea do SUPEREGO, a hegemonia do ID e a desconstrução da realidade objetiva filtrada pelo EGO.

Id --> compreende nossos instintos, desejos e vontantes, em sua maioria inconscientes, pois nossa inteligência evita sua predominância na psique;
Ego --> equivale à balança que gera um equilíbrio de dosagens entre o Id e o Superego, tal que, com o subjetivismo da mente, constrói uma realidade objetiva e uma perspectiva individual das coisas, mantendo sempre a lucidez;
Superego --> é o órgão mental que fornece o senso de moralismo, a noção ética, a delimitação dos ímpetos e dos instintos "animalescos" que não deveriam compreender o ser humano [ressalto que é originário do dilema edipiano (Complexo de Édipo), que seria interessante de se observar à parte];

A renúncia progressiva dos instintos parece ser um dos fundamentos do desenvolvimento da civilização humana.
Sigmund Freud                                


Uma frase dessas poderiam ser proferida por um símio que tivesse noções básicas de psicanálise; mas como é "Freud", deixa quieto. Ah, diga-se de passagem, eu defendo a valorização dos instintos (sobretudo o libido), pois, acredito eu, sem ele, seríamos reles engrenagens com funções mecânicas em um complexo socio-industrial (imagine o Charlie Chaplim naquela cena de Tempos Modernos). Pronto, chega de bancar o professoral. Nhé, foda-se.

Vosso Humilde Blogueiro  

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Twitteiros e o papel sociológico da Internet

Saudações, adorável e fiel leitor. Dessa vez, nosso escritor, maestro e amigo Vosso Humilde Blogueiro discorrerá brevemente sobre um troço que surgiu há não muito tempo e que serviu pra deixar todos a par (antes mesmo da mídia em si) da morte do Michael Jackson -- e de outras tantas celebridades, sendo esse o único caso verídico. Éééé, exatamente do twitter que falo.

Desde o primórdio de seu surgimento -- para os leigos, era utilizada apenas pelo pentágono --, a Internet, ao passo que foi-se globalizando, entrou em um processo de expansão de entretenimento; sim, isso é óbvio. Com efeito, a internet passou a ser utilizada como via de praxe midiática; isto é, veiculava notícias mais aprofundadas, de imediatismo e não do modo maniqueísta do qual a Globo o faz. Até aí, beleza. Mas a coisa começou a piorar quando a Internet passou a desempenhar um papel na existência dos indivíduos.

A idealização e comercialização de jogos onde o indivíduo vive, sob circunstâncias imaginárias, uma existência arquitedada propriamente para ser, digamos, mais interessante que a vida terrena do mesmo -- tomo como exemplo Ragnarök. Para a indústria dos jogos virtuais (assim passou a ser denominada) ficou escancarado que a massa frequentadora assídua destas realidades distintas alicerçadas pela net que, além de não terem orgulho próprio, preferiam muito mais viver num mundo, embora capitalista, onde todos podiam ser "alguém"; no entanto, a verdadeira razão que motivou os empresários a criarem estes jogos foi a clareza com qual expressava-se o desgosto do público-alvo dos mesmos para com suas insípidas e toscas vidas.
Surge aí o Second Life, um marco para os parasitas da net.

De vício para virtude, cria-se a virtude do uso a uma realidade utópica, irreal, porém, segmento de nossa existência. A Internet passa a ser um dos muitos outros órgãos essenciais àquilo que Rousseau e Freud definiram como "o ser social" -- diz-se por ser humano. A vontade irrefreável de possuir relações sociais se agravara de tal maneira que a Sociologia Contemporânea se recusa a estudá-la, por consistir numa nítida deficiência do ser em ser, tal como nascera, um INDIVÍDUO; ser esse isolado, solitário que não depende do coletivo para sua subsistência física e psicológica. Nascemos com uma natureza inata, isso é fato, mas temos o instinto inerente a nosso ser; ou seja, fundou-se uma profunda carência no ser humano, que são as relações sociais -- seja quais forem -- como factóide para justificar nossa incoerente existência; de modo que, caso contrário enlouquecer-vos-ei e suicidar-te-á.
Alguém no momento em que se obtém ciência de que figura em
um universo de idiotas sem propósito em seus atos e valores
Nesses tempos modernos, de fraqueza da individualidade e de uma vida absurda destituída de sentido, onde o fato de "consumir cada segundo, cada resquício da vida" é o propósito mais plausível de viver, o twitter surge como principal metáfora para essa ofuscante deficiência em nossa formação ideológica como seres humanos -- uma devida generalização, pois, ao que se vê, as exceções são aqueles que, como Vosso Humilde Blogueiro, Rodion Romanovitch, e outros tantos Lobos da Estepe, vivem de forma isolada, independente de tudo e todos, e buscam singularmente uma razão que justifique a existência terrena, a despeito de todo rebanho ordinário de humanóides. Twitteiros, que gastam suas improdutivas tardes na net, conversando sobre porra nenhuma no MSN, postando comentários a respeito de suas vidas, senão miseráveis, medíocres, reafirmando cada vez mais seu fracasso como pessoa e insignificância para com a humanidade; esses twitteiros, maioria incontestavelmente absoluta, são o mais triste estágio da evolução da carência sociológica humana -- pois vivem sob os pretextos ilusórios de que suas vidas escrotas são interessantes para terceiros que, por pura e singela hipocrisia, correspondem de maneira recíproca, e portam-se como tal. É um ciclo de cinismo social que evita que muitos vermes como esses twitteiros se joguem de edifícios pelo "vazio existencial".

A vida é o que é, conformem-se.

Vosso Humilde Blogueiro

domingo, 20 de março de 2011

Satisfatória mediocridade

A vida e a existência são assuntos complexos demais; muitos deles, até serem entendidos, levam tempo para adquirir conhecimento necessário. Porém, pra que desperdiçar tempo ao tentar entender a vida quando podemos simplesmente vivê-la desregradamente, em um mar de trivialidades e banalidades? Uma vida fútil, destituída de propósitos, finalidades e consequências; uma vida da qual injustificadamente orgulhamo-nos, mas cuja história jamais será relevante a ponto de configurar as páginas de uma biografia. 
10 minutos empreendidos
em algo sem evitende
relevância.

Ultimamente venho desenvolvendo um interesse que transpõe a vaga repulsa, no que concerne às pessoas ordinárias (que constantemente observamos em nosso contidiano) e sua relação harmônica para com as futilidades que nutrem seu sentido de existência. Acho que não podemos entender a vida como um objeto singular, morfológico; e sim como a essência dos ideais de cada um, de modo que as pessoas, das ordinárias às "diferentes", lapidem-as da maneira que entenderem. Dou a entender, a grosso modo, que não há um modelo único de vida, e nem todas precisam ter um propósito predeterminado; a vida pode simplesmente ser exaurida, consumida até a última gota, de modo lancinantemente fútil e ordinariamente banal.

Não há o que se contestar, quero dizer.

A triste realidade humana
Veja só; escrevo hoje isto aqui, certa feita, por volta do meio-dia, pois nada realmente significante tenho a fazer. E que compreendo, como pessoa que se julga diferente (narcisismo à parte), e até extraordinária (não-ordinária, para melhor entenderem a acepção), que não podemos maquiar nossos atos eternamente com o pretexto idealístico da originalidade, do sentido e do empreendimento adequado de nosso valioso tempo. Sei que poucos irão ler a totalidade deste texto, e que o escrevo mais como exteriorização de pensamentos do que qualquer outra coisa; mesmo assim, escrevo-o, como prova vital este blog - recanto de lixo e falácias filosóficas -, que na essência, tudo é fútil.A própria vida admite essa generalização, e ser algum, seja extraordinário ou apenas outro da "massa reprodutora", não tem moral para julgar as futilidades dos outros, sem ao menos pautar o julgamento em seus próprios atos, pensamentos e ideais.

Em síntese, somos, por natureza, medíocres; e apenas usamos de subterfúgios para escondê-la.


Vosso Humilde Blogueiro