segunda-feira, 13 de junho de 2011

♥ Em homenagem à um dos piores dias do calendário humano...

...o inglório e tão superestimado ♥ Dia dos Namorados  
Ei-lo, límpido, nostálgico, perpétuo, felizmente passado e fodidamente tosco dia dedicado aos lampejos sentimentais e instintivos dos seres humanos cuja efemeridade é hipocritamente velada. Com toda minha cínica sinceridade, meu(s) querido(s) leitor(es), Vosso Humilde Blogueiro passara este dia prenunciadamente medíocre como vocês inteligentemente devem supor: no anonimato e na confortável profundeza do silêncio. O que me difere de muitos deste dia é que eu, não-extraordinariamente, não em acorrentei aos devaneios inerentes ao simbolismo deste dia. Ademais, minha breve abstinência emocional, concentrada nos confins do "Dia dos Namorados", não permitiu-me ter fodásticas eclosões de fértil criatividade, críticas pungentes e ácidas, comentários avacalhadores e simultaneamente cultos, e, acima de tudo, uma maneira racional e pouco revoltada de questionar as razões que motivam uns infelizes de sequer pronunciar o nome deste dia -- que ao meu ver não se difere dos outros, exceto por questões comerciais.

A utopia de um otaku.
Um dia como qualquer outro, um pretexto para casaizinhos se portarem como os babacões que realmente são; um dia cujo propósito abstrato foi escancaradamente comercializado e sua noção superficialmente estampada em cartõezinhos proclamando um "Eu te amo" generalizado. 

Acho que, à parte meu bloqueio criativo, uma das razões que me inibiram de postar algo sobre este dia, no DIA de fato, foi meu desdém para com ele. Não importa o quão escroto eu venha ser, cegos são aqueles que têm alguma consideração por esta ocasião. Uma ocasião que indubitavelmente, regada de hipocrisia, mascara nossos instintos animalescos com termos corporativos como "amor" e outras justificativas pseudocientíficas e sem embasamento filosófico que tentam sustentar o insustentável: o afeto puro e verdadeiro entre dois indivíduos, sem ações e influências sociais, sem questões burguês-capitalistas e tampouco que não sejam meramente instintivas e efêmeras.

Seguindo à rigor os critérios acima, fica claro para qualquer um que o amor não existe e namoradinhas só existem para os namoradinhos comerem-as na casa dos pais quando os mesmos estiverem fora. Há quem diga que o sentimento que muitos nomeiam "amor", e sobredouram-no com uma série inumerável de características celestiais, puras e oníricas, todas elas, é claro, "inefáveis", deixando de lado o fator carnal, dura apenas cerca de 18 meses (tempo suficiente para a reprodução e consequente garantia da perpetuação da espécie. Isto é, nossos sentimentos são todos eles reflexos de nossos instintos e, para Freud e muitos outros, a renúncia dos mesmos acarreta o fluxo de conhecimento de um ou mais indivíduos. Em síntese, nossa mundana noção de amor nada mais é do que uma forma de velar nossa suscetibilidade com relação aos instintos e a prosopopéia de nossa ignorância.

Vosso Humilde Blogueiro