sexta-feira, 22 de abril de 2011

Twitteiros e o papel sociológico da Internet

Saudações, adorável e fiel leitor. Dessa vez, nosso escritor, maestro e amigo Vosso Humilde Blogueiro discorrerá brevemente sobre um troço que surgiu há não muito tempo e que serviu pra deixar todos a par (antes mesmo da mídia em si) da morte do Michael Jackson -- e de outras tantas celebridades, sendo esse o único caso verídico. Éééé, exatamente do twitter que falo.

Desde o primórdio de seu surgimento -- para os leigos, era utilizada apenas pelo pentágono --, a Internet, ao passo que foi-se globalizando, entrou em um processo de expansão de entretenimento; sim, isso é óbvio. Com efeito, a internet passou a ser utilizada como via de praxe midiática; isto é, veiculava notícias mais aprofundadas, de imediatismo e não do modo maniqueísta do qual a Globo o faz. Até aí, beleza. Mas a coisa começou a piorar quando a Internet passou a desempenhar um papel na existência dos indivíduos.

A idealização e comercialização de jogos onde o indivíduo vive, sob circunstâncias imaginárias, uma existência arquitedada propriamente para ser, digamos, mais interessante que a vida terrena do mesmo -- tomo como exemplo Ragnarök. Para a indústria dos jogos virtuais (assim passou a ser denominada) ficou escancarado que a massa frequentadora assídua destas realidades distintas alicerçadas pela net que, além de não terem orgulho próprio, preferiam muito mais viver num mundo, embora capitalista, onde todos podiam ser "alguém"; no entanto, a verdadeira razão que motivou os empresários a criarem estes jogos foi a clareza com qual expressava-se o desgosto do público-alvo dos mesmos para com suas insípidas e toscas vidas.
Surge aí o Second Life, um marco para os parasitas da net.

De vício para virtude, cria-se a virtude do uso a uma realidade utópica, irreal, porém, segmento de nossa existência. A Internet passa a ser um dos muitos outros órgãos essenciais àquilo que Rousseau e Freud definiram como "o ser social" -- diz-se por ser humano. A vontade irrefreável de possuir relações sociais se agravara de tal maneira que a Sociologia Contemporânea se recusa a estudá-la, por consistir numa nítida deficiência do ser em ser, tal como nascera, um INDIVÍDUO; ser esse isolado, solitário que não depende do coletivo para sua subsistência física e psicológica. Nascemos com uma natureza inata, isso é fato, mas temos o instinto inerente a nosso ser; ou seja, fundou-se uma profunda carência no ser humano, que são as relações sociais -- seja quais forem -- como factóide para justificar nossa incoerente existência; de modo que, caso contrário enlouquecer-vos-ei e suicidar-te-á.
Alguém no momento em que se obtém ciência de que figura em
um universo de idiotas sem propósito em seus atos e valores
Nesses tempos modernos, de fraqueza da individualidade e de uma vida absurda destituída de sentido, onde o fato de "consumir cada segundo, cada resquício da vida" é o propósito mais plausível de viver, o twitter surge como principal metáfora para essa ofuscante deficiência em nossa formação ideológica como seres humanos -- uma devida generalização, pois, ao que se vê, as exceções são aqueles que, como Vosso Humilde Blogueiro, Rodion Romanovitch, e outros tantos Lobos da Estepe, vivem de forma isolada, independente de tudo e todos, e buscam singularmente uma razão que justifique a existência terrena, a despeito de todo rebanho ordinário de humanóides. Twitteiros, que gastam suas improdutivas tardes na net, conversando sobre porra nenhuma no MSN, postando comentários a respeito de suas vidas, senão miseráveis, medíocres, reafirmando cada vez mais seu fracasso como pessoa e insignificância para com a humanidade; esses twitteiros, maioria incontestavelmente absoluta, são o mais triste estágio da evolução da carência sociológica humana -- pois vivem sob os pretextos ilusórios de que suas vidas escrotas são interessantes para terceiros que, por pura e singela hipocrisia, correspondem de maneira recíproca, e portam-se como tal. É um ciclo de cinismo social que evita que muitos vermes como esses twitteiros se joguem de edifícios pelo "vazio existencial".

A vida é o que é, conformem-se.

Vosso Humilde Blogueiro