sábado, 1 de janeiro de 2011

Existencialismo para ignorantes

A vida não é algo simples, cujo significado podemos facilmente obter. No prelúdio de um ano novo, insurgem novas esperanças, novas promessas, novas perspectivas e a ingênua crença em reeditar um plano de vida até então utópico. 

Perante esse festival de inocência e infantilidade - que as pessoas fazem questão de impor como cultura -, a existência, o âmago de tudo em nossa volta, que precede e governa a essência das coisas e da vida, é deixada de lado. E eu nem preciso frisar nisso para você, respeitável leitor, tenha conhecimento de que Vosso Humilde Blogueiro fica nitidamente puto com esse tipo de leviandade.

Aos leigos (ou ignorantes, como defini no título desta postagem) - os quais imparcialmente imagino que sejam maioria absoluta, senão 100%, dos leitores deste adorável bloguinho -, explico o Existencialismo; é basicamente uma vertente filosófica que se concentra na literatura do século XX, tendo como mais renomados precursores Dostoiévski, Nietzsche e Jean-Paul Sartre (by the way, conheço o último meramente por pessoa, já que nunca pude ler um de seus livros, apesar de estarem à disposição em minha humilde biblioteca particular). 
Também, adoráveis e fofos leigos, que nos dão suporte a colocar em prática nossa superioridade de conhecimento ante sua ignorância condicional, dedico-vos o vídeo abaixo. \/


O vídeo acima se trata de um episódio de um desenho animado (stop-motion, no caso) infantil, que foi banido em toda Europa e jamais lançado no Brasil. Bem, ... pra dizer o porquê do banimento, basta você assisti-lo; seu conteúdo é precisamente maniqueísta, mas as crianças geralmente são educadas a seguir o cristianismo desde cedo. Por que, então, não ensinar o que esse vídeo expõe ou tenta expor? 

Não há nada subliminar; nem algo nonsense suficientemente pra te fazer ter pesadelos. É só um vídeo que introduz de maneira simples algumas concepções íntimas de existência. No contexto do mesmo, a existência é toda ela uma ilusão; a vida das pessoas é insignificante, e o único interesse em preservá-las seria a observação de sua natureza, costumes, virtudes e crenças patéticas. Seguindo o raciocínio do vídeo, você pode nem estar lendo este artigo; pode ser um sonho. Mas a verdade é que TODA realidade pode vir a ser algo como um sonho; um produto de nosso imaginário. Ou talvez fôssemos algo como personagens de uma versão realística do The Sims, onde acreditamos piamente que existe livre-arbítrio e individualidade, quando somos regidos por uma, ou várias, entidades sobrenaturais que forjam nosso ilusório destino.

Você de curtição com seu amigo canino - nunca teremos consciência
de que estamos sendo controlados; e os mesmos bonecos de The Sims 
podem questionar nossa existência, assim como questionamos divindades
E, aliás, não se pode deixar de ressaltar questões que o mesmo desenho levanta: a natureza desprezível do ser; as crenças tolas nas representações divinas (vide monarquia); os conflitos étnicos embasado no conceito da superioridade racial; a mortalidade; o discernimento entre certo e errado; a fragilidade da vida; e o inefável conceito filosófico de que talvez toda existência e realidade sejam moldadas pelo nosso imaginário.

The Adventures of Mark Twain, baseado na obra do escritor homônimo Mark Twain.
Estúdio: Will Vinton Studios
Distribuído por: Clubhouse Pictures (Theatrichal) / Metro-Goldwyn-Mayer (DVD)
Data de lançamento: Março de 1985
País: EUA
Vosso Humilde Blogueiro