domingo, 28 de novembro de 2010

A Pseudesia do Triunfo

Antes de mais nada, gostaria de dizer que não gosto de lidar com temas geralmente atribuídos a ativistas sociais, samaritanos e moralistas; mas como a questão lá do "Complexo do Alemão" vem rendendo uns minutos de audiência no Jornal Nacional, me inclino a opinar sobre o assunto.

Muito apesar de minha alienação, demorei um pouco para ficar a par do assunto. Quando tomei conhecimento sobre o assunto, há um dia, não demorou para que a Globo, o G1 e os outros meios de divulgação midiática enaltessessem o tal Triunfo do Bem perante o Mal.
Vanglória, patriotismo e idolatria. Algumas doses de êxtase que a mídia fez questão de usar para sobredourar o feito do Estado.


Não vejo necessidade de explicar dualismo para ninguém, mas às vezes as pessoas esquecem da origem, da etimologia, daquilo que definem ser o "mal". Quando, no meu ponto-de-vista, vejo o mal apenas como uma comunidade situada numa região irregular, onde o narcotráfico é a substancial fonte de renda e a falta de segurança, saúde e educação na mesma região leva as pessoas que nela residem a portar armas; para fazer sua própria segurança.
Esse "mal", cuja semente se enraizou nos arredores dos centros ricos dos Estados, é reflexo da centralização de poder e benefícios públicos nas mãos da primazia social - uma espécie de grupo capitalista hierarquicamente superior; pois é essa a realidade de nosso sistema socio-econômico. Um cidadão não opta por morar na favela, tampouco permear os índices de criminalidade. A transgressão legislativa ocorre em circunstância da falta de oportunidade no mercado de trabalho. Não é o indivíduo que nasce mal. Se assim posso dizê-lo, ele é "corrompido", pela disparidade da sociedade.

Para uma sociedade ser regida, com sua plenitude dentro da realidade, precisa haver a escória social, o proletário mais rasteiro; pessoas que se situam nas partes baixas da hierarquia, para sustentar, em um sistema capitalistas, as pessoas com maior poder aquisitivo. Portanto, não vejo o que leva a mídia a intitular como "mal" a coexistência desse órgão vital dentro do corpo social. Este mal jamais pode ser extirpado, execrado ou erradicado; é essa base que garante a relativa estabilidade da sociedade. Sendo este, própria criação do ser humano no convívio social.